sexta-feira, 21 de maio de 2010

Amigos para Sempre.

Construímos nossas grandes amizades basicamente na infância e adolescência; na época da escola e faculdade. Não que não possamos construir grandes amizades ao longo de toda uma vida, jovem ou madura – minha mãe é a prova disso. Mas, nesse período infanto-juvenil nossa maior preocupação é nos situar no mundo, criar uma identidade, fazer parte de um grupo e da sociedade. E por isso, essas amizades e grupos, quase clãs, possuem grandes laços, que perduram por décadas e décadas.

Outro dia estava conversando sobre aqueles encontros anuais que fazemos, e como nos impressionamos com o peso da idade, da balança e do compromisso. Da vida a dois, com filhos e sem. Com o dinheiro e a falta dele. Com as plásticas e a falta delas. Ficamos tão impressionados, pois imaculamos uma imagem infanto-juvenil em nossas mentes, que vivência e tempo algum são capazes de apagar.

Mas, o tempo passa para todos, e apesar de uma idade comum dessas amizades, os resultados desse tempo são singularmente distintos. A bonitona da escola pode ter “embarangado”, o “garanhão” pode estar casado e com uma penca de filhos. O “zero a esquerda” pode ter virado um grande e descolado empresário. O “pegador” pode ter virado gay, e até “Nerd” pode aparecer todo tatuado. E por mais que a sua turma seja diferente da minha, sabemos que os personagens são os mesmos e só mudam de nomes.

Não podemos nos cobrar a leveza dos 20 anos aos 30 e poucos e nem o peso dos 30 e poucos aos 40 e poucos. Cada fase tem seu peso e leveza de acordo com o peso e leveza das responsabilidades assumidas. Diria que essa relação é quase uma curva normal. Onde na juventude a obrigação é apenas descobrir e ser feliz, na idade madura construir e sustentar e na “velhice” colher e aproveitar. Então sejamos tolerantes com os resultados desse tempo em nós e na tchurminha.

Agora, é muito gostoso reencontrar essas amizades infanto-juvenis, separadas ou não pelas adversidades naturais da vida. É como viver o presente com cheiro de naftalina, voltar ao passado e resgatar aquele jovem de cabelo “tonhonhõe” e espinhas, cheio de energia e paixão. Estar com essas pessoas é como estar em casa, acolhidos. Território conhecido, que podemos confiar, ou que sabemos onde pisar e até onde ir.

Essas amizades são maravilhosamente eternas. Temas de músicas, comerciais, poesias e amores. Na verdade, essas amizades são o que me sustentam, e no embalo “amigo é coisa para se guardar”, diria – usar e abusar, aqui vai um poeminha meu sobre amizade.

“A amizade é trocar, escolher e ser escolhido, é a união de somas, divisões e multiplicações. A amizade é cúmplice, é o brilho da alegria, os ombros da tristeza, o nosso sorriso compartilhado e lágrimas enxugadas. São pessoas que colocamos em nossas vidas e que compõe nossa história, são nossas muletas, muitas vezes braços e pernas. A amizade é a família perfeita que escolhemos, que por toda vida levamos, que em nosso coração guardamos e no dia a dia cultivamos. Algumas amizades são eternas, umas passageiras, outras passagens, mas se forem paisagens, simbólicas, políticas ou convenientes, não são amizades. A amizade é interessante porque é unisex, assexuada, ou misturada. Amor genuíno acrescentado de carinho, respeito e cumplicidade, separado pela distância de um beijo do verdadeiro amor. Muitos amores eternos nascem de uma verdadeira amizade e muitos amores finitos acabam numa falsa amizade. Amizade feminina se não genuína, não é amizade, é vaidade. Amizade feminina e masculina, se não genuína, é atração. Amizade masculina, se não genuína é interesse. Amizade com gays se não genuína, é curiosidade e amizade por amizade, é carência.”

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